segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um Sábado em Dresden

Este Sábado acordei bem cedo para ir passar o dia a Dresden, mais uma architectour, viagem em que vamos todos juntos visitar um sítio. Sabe mesmo bem sair de Cottbus por um dia e ver vida outra vez! Não sou fã do starbucks, mas acho que nunca me senti tão feliz por ver um. Dresden é uma cidade importante, no contexto de cidade da antiga RDA. Aqui vivem mais ou menos 1 milhão de pessoas que, como qualquer alemão, aproveitam o bom tempo para saír à rua. Estava frio mas o sol deixou-nos ver muita gente a circular nas ruas desta cidade.

Mas o dia não começou muito bem, levantei-me cedo mas acabei por me atrasar porque o meu "room mate" adormeceu. Então perdi o primeiro comboio para Dresden que toda a gente apanhou, só há comboios de 2 em 2 horas e por isso mesmo às 11 estávamos a caminho. Nós temos direito a viajar de graça nos transportes públicos dentro da província de Bradenburgo e ainda temos direito a este comboio regional que vai de Cottbus para Dresden, mas que por ser regional demora quase 2 horas a percorrer uns ridículos 90 km!

Dresden é a capital do estado da Saxónia. É incrível pensar nesta cidade e no poder de transformação que teve nos últimos 60 anos. Foi completamente arrasada durante a 2ª guerra mundial, ardeu durante 3 dias depois dos bombardeamentos e ficou quase totalmente destruída.















 

















Depois deu-se um processo de demolição de quase toda a cidade. Sobraram alguns edifícios históricos que foram reconstruídos ao longo dos anos. Então Dresden transformou-se, há uma mistura de edifícios barrocos e de edifícios novos. Na realidade é tudo novo, um barroco dos anos 80! Ficam algumas fotografias do que vi nesta cidade.

























E por aqui, em Cottbus, está tudo bem! Estamos a fazer uns trabalhos interessantes e o grupo está cada vez melhor. Ontem almocei por volta das 11 e 30, o que me fez pensar que se calha me estou a transformar num Nórdico. Estou farto de salsichas...já as cozinhei de todas as formas e feitios. Aceitam-se sugestões de novas receitas. Até breve!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Atelier

















Este é o nosso atelier. Ficámos com uma fatia bem simpática de toda a área. É espaço para praticar mas também para estar, conversar ou jogar futebol com uma bola amarela ridiculamente pequena! É basicamente a nossa sala, onde passamos grande parte do dia. É onde estou agora a escrever esta mensagem, sem grande interesse. Mas apeteceu-me mostrar. Mostro mais umas fotografias.

































Este sábado vamos passar o dia a Dresden, cidade bonita, pelo que sei, que fica a uns meros 88 km. Haverá toda uma actualização do blog no Domingo. Espero que com novas fotografias e mais uma história para contar.

domingo, 16 de outubro de 2011

Conhecer Lauzits

Ontem visitámos um sítio novo e improvável. Toda esta zona de Cottbus é palco de um transformação radical da paisagem há mais de 60 anos. Existem muitas minas de carvão aqui à volta, poucas em actividade e muitas já desactivadas. É fantástico pensar na dimensão destes espaços, começámos a visita na maior mina em actividade que ocupa uma área total de 9000 hectares! As máquinas, o carvão e a terra que fica, são marcas de uma alteração brutal, mas fascinante desta paisagem.







O que é ainda mais espectacular é pensar no depois, o que acontece a estes imensos buracos quando deixam de ter carvão e interesse para as máquinas? Durante a execução de uma mina de superfície, como estas, a água que existe no subsolo é constantemente bombeada para fora. Mas quando este processo é interrompido, a água volta a entrar neste espaço, que agora é um buraco gigante. Assim se formam os lagos artificiais que estão a transformar o "landscape" deste território. Existe agora um enorme projecto para a utilização destes lagos, uma ideia que pensa uma nova forma de utilizar estes passos e de atrair gente para investir, viver e visitar esta região da Alemanha que perde gente a cada dia que passa.


















Há um enorme projecto de mudança para este sítio. Estão a ser construídos canais que ligam todos os novos lagos e que pretendem funcionar como um circuito. Por um lado é fascinante, percebe-se que a natureza está outra vez a invadir este território, está a reclamar o que tinha há 5 décadas atrás. Mas parce também perigoso, tanto investimento pode dar em descontrolo total. "Seenland", região dos lagos, não pode cair no erro de se transformar numa espécie de resort foleiro que atrai milhões de pessoas todos os anos. É preciso muita atenção para que não se transforme numa espécie de Monte Gordo dos lagos.

















O IBA, "international building exebition", responsável pelo projecto de aproveitamento dos lagos, decidiu manter alguns elementos industriais numa ideia de memória do local, do que ali se passou e o que levou a esta transformação do território. São alguns edifícios, como as torres de tratamento de águas ou a mega-estrutura F60, que aparecem ao pé dos lagos e que agora têm outros usos. Este último é uma espécie de museu, pode-se percorrer de uma ponta à outra e perceber como funcionava esta máquina com 70 metros de altura e 502 metros de comprimento. Hans Peter Kuhn, artista alemão, criou uma instalação de luz e som que absorve toda a estrutura. O som remete para a ideia de memória, da história deste gigante de aço, à medida que se percorre a estrutura, ouvem-se sons que nos acompanham, sons que relembram o que ali se passava e que renovam o peso e presença que aquela máquina tinha/tem.






























Cottbus, uma "cidade" de leste!

Cottbus é a cidade onde me encontro. Fica a 70 km de Berlim, na direcção da Polónia. É a cidade mais quente da Alemanha no Verão e uma das mais fresquinhas no inverno, na verdade enquanto escrevo esta primeira mensagem no meu novo blog estão 5 graus lá fora, e ainda estamos a meio de Outubro! Cottbus é uma cidade estranha, sempre pensei que este país fosse o mais avançado da Europa, mas aqui isso não se verifica. A diferença entre Este e Oeste ainda é muito grande e isto nota-se em quase tudo, a internet é um caos, os alemães não falam nem querem falar inglês, a desorganização faz querer voltar para Portugal (um país muito "organizado"), as cidades não têm vida e os edifícios pré-fabricados construídos no pós-guerra vieram para ficar.

Casa
Aliás, um desses edifícios alberga neste momento aquilo a que posso chamar "casa"! O meu pequeno quarto + cozinha! O quarto é novo em folha e disso não me posso queixar: a cozinha brilha de nova, tenho aquecimento central sempre ligado e partilho a casa de banho só com uma pessoa. Mas a verdade que há outras coisas menos boas, o nosso fantástico edifício está em obras desde que chegámos. Como tal ofereceram-nos uma espécie de "despertador automático" que toca bem cedinho todas as manhãs...e também não temos cortinas na nossa janela, dois factores que nos ajudam a acordar muito bem dispostos. Somos uma turma de 17 e estamos a viver todos no mesmo prédio. 2 portugueses, 3 espanhóis, 3 alemães, 3 franceses, 2 iranianos, 2 que vêm do Bangladesh (não faço ideia como se escreve), 1 israelita e 1 mexicana. A verdade é que todos estes acontecimentos menos bons chegaram a todo o grupo e isso fez com que nos conhecêssemos bem e muito rapidamente. Fizemos da ruína a nossa sala e lá nos encontramos todas as noites depois do jantar.
Sala
 
















Cottbus é a primeira de 8 cidades que vou visitar e viver nos próximos 2 anos. Vão ser 6 semanas em cada sítio, 1 mês e meio para conhecer estas cidades e para fazer um projecto em cada uma delas. Esta primeira paragem é ainda um segredo, porque estas 5 semanas iniciais são parte de um programa de integração ao programa. Só no princípio de Novembro é que vou conhecer o projecto que me espera. Entretanto já passei um fim de semana em Berlim e já tive direito a 2 "architectours", umas pequenas viagens de Sábado onde conhecemos este lado da Alemanha e o que se passa aqui à volta. É a primeira vez que faço um blog, vou tentar ser persistente. Vou dar a conhecer o que vou conhecendo, o que vou viver neste tempo de mestrado internacional!